A divina comédia
A divina comédia
O poema mais perigoso que o Ocidente produziu.
Sob a aparência de uma viagem espiritual, Dante Alighieri constrói uma máquina de julgamento, um mapa para navegar o desejo e a culpa.
O poema começa no inferno, como tudo o que é realmente humano, e eleva-se ao paraíso pela força da linguagem, não da fé. Dante constroi a transcendência do homem como uma obra de engenharia. Cada verso é uma sentença, cada imagem, um espelho onde nos vemos, refletidos.
A viagem de Dante é também vingança. O exilado de Florença transforma a política, o amor e a metafísica em uma só fúria organizada. Beatriz é teologia erótica, corpo feito símbolo. O inferno, o purgatório e o paraíso são lugares de consciência: graus de lucidez perante a própria miséria.
A literatura atreve-se a ocupar o lugar de Deus.
Dante Alighieri (1265–1321) viveu entre o amor e o exílio, entre a fé e a política. Foi poeta, pensador, conspirador e visionário. Escreveu em vulgar toscano quando a elite escrevia em latim, e com isso inventou a língua italiana moderna. Mas o seu verdadeiro feito foi outro: erguer, a partir da dor pessoal, uma arquitetura moral onde todos, santos e criminosos, se reconhecem. O inferno como preço a pagar pela lucidez absoluta.
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