Os frutos da terra
Os frutos da terra
Os Frutos da Terra (1917) é, à superfície, um hino à vida simples e ao retorno à terra, centrado na figura de Isak, um camponês que constrói uma vida a partir do nada numa zona remota da Noruega.
O romance exalta o trabalho físico, a ligação ao solo, a criação da propriedade e da família como pilares de uma existência pura e autêntica. A natureza é apresentada como redentora, em contraste com a decadência das cidades e da modernidade. Na prosa de Hamsun (hipnótica na sua simplicidade) há uma musicalidade na forma como descreve os ciclos da terra e o quotidiano rural, como se o tempo se dobrasse ao ritmo do arado.
Contudo, esta exaltação do solo e do sangue ganhou ressonâncias inquietantes nas décadas seguintes. O autor, Knut Hamsun, laureado com o Nobel da Literatura, revelou-se simpatizante activo do regime nazi. Apoiou o governo colaboracionista na Noruega, encontrou-se com Goebbels e escreveu um elogio fúnebre a Hitler em 1945.
Este envolvimento político mancha irremediavelmente a sua figura. Em Os Frutos da Terra, alguns críticos viram já os germes ideológicos de um pensamento que valoriza a pureza, o nacionalismo e a exclusão — uma leitura incómoda, mas impossível de ignorar.
A figura de Hamsun (tal como Celine e alguns, não tão poucos, Outros) ficou marcada pelo apoio público à Alemanha Nazi durante a Segunda Guerra Mundial.
Do ponto de vista literário, é uma figura incontornável.
Um Maldito por direito. Será suficiente?
Henry Miller sobre Knut Hamsun
Não foi possível carregar a disponibilidade de recolha
Partilhar




