Mizé - antes galdéria do que normal e remediada
Mizé - antes galdéria do que normal e remediada
Quando o romance perde a cabeça e atravessa a direito o campo de minas. Publicado em 2006, atira-nos para dentro da vida de uma mulher (Mizé) insolente.
Mizé é "boca de rã", corpo em chamas, língua afiada e uma recusa permanente em ser domesticada. As boas intenções nunca levaram ninguém a lado nenhum. Para lá chegar (a algum lado), é preciso rasgar a farsa da normalidade, expor o lado grotesco e divertido do quotidiano, ter a coragem de ser vulgar quando todos fingem ser sofisticados: música pimba no máximo, shows de Lazer numa discoteca de província, maquilhagem desalinhada.
Como quem larga granadas num salão de chá. 
Visto daqui, é lindo! E raro em Português.
No cinema, devemos-lhe o "São Jorge". Na televisão devemos-lhe "Sara". E quando digo "devemos", é literal. Devíamos fazer-lhe uma transferência a agradecer.
Ricardo Adolfo (n. 1974) cresceu em Lisboa, mas tem vivido entre Amesterdão e Tóquio, colecionando geografias que contaminam a sua escrita. É romancista, argumentista e publicitário, e em tudo o que faz se nota o mesmo impulso: provocar, desmontar discursos, expor o ridículo onde menos se espera.
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