O mapa e o território (2010)
O mapa e o território (2010)
Uma autópsia social com Houellebecq promovido a personagem. É o Prémio Goncourt da "besta". O mundo que o autor nos mostra é desencantado, cínico e funcional, tal como os mapas que lhe servem de metáfora.
A arte surge reduzida a produto, a vida a estatística, e o amor a um breve interlúdio condenado ao desgaste. Houellebecq insere-se a si próprio no livro. É hora de encarar o autor enquanto personagem, figura grotesca e irónica.
O enredo interessa menos do que a sensação de mal-estar que o texto provoca: a leitura é uma viagem pelo vazio, guiada por uma voz que insiste em revelar a mediocridade por trás do verniz civilizacional.
O livro é frio, às vezes cruel, mas também capaz de abrir fendas de melancolia e beleza, mostrando que o mapa nunca coincide com o território, mas que talvez seja tudo o que temos. O mapa, quero dizer.
Nascido em 1956, Michel Houellebecq construiu uma reputação de enfant terrible da literatura francesa. As suas obras são a caricatura cruel e a lucidez implacável. Chamam-lhe niilista, misantropo, pornógrafo da decadência - rótulos que aceita como se fossem medalhas. A sua força está precisamente aí: em desagradar, em expor o que preferimos ignorar, em arrastar a literatura para um terreno desconfortável.
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