O tempo dos assassinos
O tempo dos assassinos
Henry Miller através de Rimbaud. O ensaio, publicado em 1946, é um diagnóstico da modernidade feita a partir da figura do poeta que anunciou, e encarnou, o colapso espiritual do Ocidente. Aparentemente, as notícias do declínio das sociedades ocidentais livres não têm sido suficientemente exageradas. Rimbaud como símbolo da falência total da civilização, um corpo que a linguagem consome e abandona.
Miller lê Rimbaud como quem observa uma ferida aberta. A modernidade transforma o homem em mercadoria e a arte em ruído. Soa familiar? O “tempo dos assassinos” é o tempo da eficiência, do lucro, do conformismo. Um tempo em que o espírito é devorado pela técnica. Rimbaud, que quis ser “vidente”. Conseguiu apenas ternar-se o mártir desse fracasso. Única missão, resistir: contra a tirania do progresso, contra o cinismo das massas, contra a dissolução da alma.
Henry Miller (1891–1980), norte-americano exilado em Paris. Insubmisso. Radical. Em obras como Trópico de Câncer, fez da obscenidade uma ética e da confissão uma forma de lucidez. Em O Tempo dos Assassinos, reconhece no poeta francês o prenúncio da catástrofe: a morte da imaginação.
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