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Um milhão conta redonda

Um milhão conta redonda

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Publicado em 1934, é talvez o romance mais cruel de Nathanael West. Lemuel Pitkin, um jovem ingênuo parte em busca do sucesso e acaba triturado pela engrenagem social e económica dos Estados Unidos.

À primeira vista, parece uma paródia dos contos de fadas sobre o triunfo do homem simples; na realidade, é uma demolição impiedosa da retórica do “sonho americano”.

Quando mais leio, mais me interrogo se alguma vez existiu, de facto.

West não usa de compaixão para nos explicar uma sociedade que se alimenta da ingenuidade e da miséria dos mais frágeis. O humor negro do romance é desconfortável porque funciona como espelho: mostra-nos que o sucesso, nessa lógica, só existe à custa do esmagamento do "outro".

Soa familiar? Andamos sempre à volta dos mesmos problemas, certo?

Nathanael West (1903–1940) foi um escritor e argumentista norte-americano cuja obra breve, mas intensa, se tornou referência para a literatura satírica e desencantada do século XX. Autor de apenas quatro romances, entre eles Miss Lonelyhearts e O dia do gafanhoto, construiu uma visão corrosiva da sociedade americana, expondo a crueldade do sucesso e a fragilidade dos que vivem de ilusões.

Para sobreviver, escreveu guiões em Hollywood entre 1936 e 1940, numa indústria que ele próprio desprezava, mas que pagava as contas. Antes disso, tinha administrado hotéis em Nova Iorque, onde chegava a oferecer quartos de graça a escritores de quem gostava, apenas para desfrutar da sua companhia. Uma estratégia pouco rentável, mas literariamente conveniente.

West dedicou-se a parodiar a civilização ocidental com um humor envenenado e toques de surrealismo, moldado pela miséria e pelo desespero da Grande Depressão. Deu "palavras" à degradação, à impotência e à solidão humanas, criando personagens tão trágicas que quase se tornam cómicas. Ou será ao contrário?

A sua vida terminou abruptamente a 22 de dezembro de 1940, num acidente de automóvel. Ao seu lado morreu a recém-esposa, Eileen McKenny, cuja vida inspirara a peça popular My Sister Eileen. Até o seu fim teve o gosto amargo da tragédia.

Embora a ficção de Nathanael West tenha recebido alguns elogios isolados da crítica, o público ignorou-o por completo. Ironia suprema: depois da sua morte, académicos e escritores começaram a venerá-lo como um dos grandes satiristas do século XX.

Deixou uma obra curta. Continua a ecoar, pela atualidade do seu desencanto.

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