Vertigo
Vertigo
Não se limita a brincar com o medo, antes desmantela a própria noção de identidade. Publicado em 1954 com o título original D’entre les morts, o romance é um labirinto de obsessão, desejo e manipulação, onde nada é o que parece e a verdade é apenas mais uma construção à beira do colapso. A história, que viria a ser eternizada por Hitchcock, já era, no papel, um jogo perverso: um homem marcado pela culpa (ver Raskolnikov em Crime e Castigo) é contratado para seguir uma mulher. Um jogo de aparências onde amor, morte e loucura dançam juntos num abismo sedutor.
A narrativa é seca, calculada, angustiante. O ambiente é claustrofóbico. A personagem principal, paralisada tanto física como emocionalmente, torna-se um espelho da própria sociedade: impotente, facilmente manipulável, desesperada por uma fantasia.
Pierre Boileau e Thomas Narcejac, mestres franceses do romance policial psicológico, formaram uma das duplas mais inquietantes da literatura de mistério. Escreveram a quatro mãos. Rejeitaram o modelo clássico de “quem matou” para mergulhar no “porque se enlouquece”. Com Vertigo, criaram uma obra que continua a arrastar leitores para o fundo do precipício.
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