Maria dos canos serrados

Um tiro disparado à queima-roupa. Publicado em 2007, o livro acompanha a fuga de um casal improvável: Maria e a sua dupla de desastre - por um Portugal que raramente aparece nos cartões de visita. Aqui não há fado nem saudade: há gasolina, violência, sexo, humor negro. Maria, anti-heroína contemporânea, troca o destino pacato de muitas “marias” pelo risco, pelo excesso e pela desordem. Um road movie com pulp literário, em que a ação nunca abranda e a linguagem se diverte a desrespeitar todas as convenções. Exagerado, irónico, provocador, arde como fósforos, lê-se em voz alta, com gargalhadas. Demasiado absurdo para ser levada a sério. A sério? Já olhaste bem à volta?

Ricardo Adolfo (n. 1974) cresceu em Lisboa, mas tem vivido entre Amesterdão e Tóquio, colecionando geografias que contaminam a sua escrita. É romancista, argumentista e publicitário, e em tudo o que faz se nota o mesmo impulso: provocar, desmontar discursos, expor o ridículo onde menos se espera. No cinema, devemos-lhe o "São Jorge". Na televisão devemos-lhe "Sara". E quando digo "devemos", é literal. Devíamos fazer-lhe uma transferência a agradecer.